sábado, 12 de abril de 2008

Doação de órgãos e tecidos

Doação de órgãos e tecidos é a remoção de órgãos e tecidos do corpo de uma pessoa que recentemente morreu (doador cadáver) ou de um doador voluntário (doador vivo), com a finalidade de transplantá-lo ou fazer um enxerto em outras pessoas vivas. Os órgãos e tecidos são removidos com procedimentos similares a uma cirurgia, e todas as incisões (cortes) são fechadas após a conclusão da cirurgia. Estes procedimentos são realizados para que a pessoa em seu funeral não seja reconhecida como uma doadora por apresentar deformações e cortes visíveis. Pessoas de todas as idades podem ser doadores de órgãos e tecidos.A idade do doador é menos importante do que o estado do órgão a ser doado; no entanto é raro ser usados órgãos de pessoas com mais de 70 anos de idade.No mundo inteiro há uma grande falta de doadores e isso faz com que surja grandes listas de espera. Muitos pacientes que esperam um coração, um fígado ou um pulmão morrem, pois não há nenhum órgão à disposição. Via de regra os órgãos para transplantes vêm de paciente de morte cerebral, isso significa, pessoas cuja circulação mesmo após um grave dano cerebral consegue permanecer normal com a ajuda de aparelhos, enquanto seu cérebro já está sem atividade. Os órgãos podem ser aceitos para o transplante quando a situação do indivíduo é irreversível e se ele depender totalmente das máquinas.Órgãos e tecidos doáveisAtualmente os seguinte órgãos e tecidos poder ser transplantados: pâncreas, vasos sangüíneos, intestino, ossículos do ouvido, pele, coração, válvulas cardíacas, córneas, medula óssea, fígado, intestino, rim, tendões e meninge.Doação em vidaNo caso do rim, medula óssea, pâncreas, fígado e pulmão, existe a possibilidade de que se realize o transplante com doador vivo. A legislação brasileira permite a doação de órgãos entre parentes até quarto grau. Além desse grau de parentesco é necessário uma autorização judicial.Doação pós-morteIdentificação de um potencial doadorUm potencial doador pós-morte é o paciente que se encontra internado num hospital, sob cuidados intensivos, por injúria cerebral severa causada por acidente com traumatismo craniano, derrame cerebral, tumor e outros, com subseqüente lesão irreversível do encéfalo. Tipicamente são pessoas que sofreram um acidente que provocou um dano na cabeça (acidente com carro, moto, quedas, etc). Para serem doadores pós-morte, os pacientes devem ter sofrido uma morte encefálica (morte do cérebro e tronco cerebral).Morte encefálicaO quadro de morte encefálica é irreversível, ou seja, a morte encefálica significa a morte da pessoa. É uma lesão irrecuperável do cérebro após traumatismo craniano grave, tumor intracraniano ou derrame cerebral. Em outras palavras, é a interrupção definitiva e irreversível de todas as atividades cerebrais.Por algum tempo, as condições de circulação sangüínea e de respiração da pessoa acidentada poderão ser mantidas por meios artificiais, ou seja, atendimento intensivo (em UTI, com medicamentos que aumentam a pressão arterial, respiradores artificiais), até que seja viabilizada a remoção dos órgãos para transplante.A morte encefálica não deve ser confundida com o estado de coma, que é um processo reversível. Do ponto de vista médico e legal, o paciente em coma está vivo.Quando há suspeita de morte encefálica, o hospital deve notificar a Central de Transplantes sobre o paciente com a suspeita e a Central de Transplantes repassa a notificação para uma OPO (Organização de Procura de Órgão).Para que a morte encefálica seja confirmada é necessário o diagnóstico de, pelo menos, dois médicos, sendo um deles neurologista. Estes médicos não podem fazer parte da equipe que realizam o transplante. Os exames complementares, ou seja, além do exame clínico, para confirmar a morte encefálica, que inclui eletroencefalograma e arteriografia cerebral, são realizados, pelo menos duas vezes, com intervalo de seis horas. A ausência de sinais elétricos e de circulação cerebral confirmam a morte encefálica.Confirmação da famíliaA família é quem decide se os órgãos devem ser doados ou não, independentemente da decisão do possível doador em vida. Está tramitando no Senado Federal um projeto de lei ciando um registro de doador. Se aprovado e implantado existirá duas possibilidades de efetivar a doação dos órgãos de uma pessoa em situação de morte encefálica: se o nome do falecido figurar no registro como doador, a família não necessita ser consultada; se não houver registro, prevalecerá a regra atual, ou seja, a família decidirá pela doação ou não.Doação e liberação do corpoApós confirmado a doação, as equipes fazem a extração no hospital (OPO) onde se encontra o doador, em centro cirúrgico, respeitando todas as técnicas de assepsia e preservação dos órgãos. Terminado o procedimento, elas se dirigem aos hospitais para procederem à transplantação.Todas as incisões (cortes) são fechadas após a conclusão da cirurgia, preservando a aparência física normal da pessoa ao morrer. Estes procedimentos são realizados de modo que não apareça no corpo deformações e cortes visíveis, prejudicando sua aparência no funeral.Testes de compatibilidadeDiversos testes são feitos para confirmar a compatibilidade do órgão do doador e dos receptores.Contra-indicaçõesSão contra-indicações absolutas para a doação os pacientes que possuírem:Infecção não controlada, HIV HTLV 1/2 Neoplasia maligna, exceto: tumor primitivo do SNC, carcinoma basocelular, carcinoma “in situ” do útero. O dano estrutural irreversível de algum órgão não contra-indica a doação dos demais órgãos.Transplante de órgãosVer artigo principal: Transplante de órgãosOs órgãos doados são transplantados para pacientes através de cirurgias.EstatísticasBrasilEm 2007, a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) divulgou números que mostraram que o número de doações caiu em todo o Brasil. O índice nacional de doação de órgãos e tecidos foi de 5,4 doadores pmp (por milhão de população) em 2007, índice nacional inferior aos dos anos de 2006 (5,8), 2005 (6,4) e 2004 (7,6).Santa Catarina é o único Estado do Brasil em que o número de doadores de órgãos no primeiro semestre de 2007 aumentou em relação ao mesmo período de 2006. Foi atingida a marca de 14,7 doadores de órgãos e tecidos por milhão de população (pmp). Segundo o secretário de Saúde de Santa Catarina, Dado Cherem, no Estado esse número subiu de 12,8 pmp no primeiro semestre de 2006, para 14,7 no mesmo período de 2007.Perfil dos DoadoresSão poucos os critérios que definem se alguém pode ou não pode ser doador. A Idade, a causa da morte clínica e o tipo sangüineo são os mais importante dele para saber se o órgão é compatível com o receptor.ProblemasDiversos motivos causam os baixos níveis de doação de órgãos. Entre eles estão a recusa familiar e a não notificação de potenciais doadores por parte dos hospitais.Não-notificaçãoMuitos potenciais doadores não são notificados pelos hospitais para as Centrais de Transplante. A prevalência de situações que levam alguém à situação de morte encefálica, condição que torna uma pessoal possível doadora, é da ordem de 60 por milhão da população por ano (60pmp). Esse número, referenciado à população brasileira, resulta em pelo menos 11.000 possíveis doadores por ano. Entretanto, menos de 50% são notificados. A não notificação, portanto, se constitui na principal causa do baixo número de doadores no Brasil.Aspectos legaisEstados UnidosSob a lei de Estados Unidos, o regulamento de doações de órgãos é diferente nos cinqüenta estados dos Estados Unidos. Uma lei atual procura padronizar acelerar o processo e padronizar as leis entre os vários estados, mas requer ainda que o doador faça um indicação afirmativa durante a sua vidaEuropaNa Europa existem vários tipos de leis dependendo do país. Na Albânia, Croácia e Ucrânia não há lei sobre o assunto.Na Irlanda, na Lituânia e em Malta não há lei específica, mas normalmente o defunto tem que concordar com a doação de seus órgãos ainda em vida.Já na Dinamarca, Alemanha, Grécia, Grã-Bretanha, Iugoslávia, Países Baixos, Romênia, Turquia e Bielorússia os parentes devem concordar com o assunto para que haja doação.Em Luxemburgo, Áustria, Polônia, em Portugal, Eslováquia, Espanha, República Checa e Hungria o morto deve discordar da doação ainda em vida.Na Bélgica, Finlândia, Itália, Rússia, França, Letônia, Liechtenstein, Noruega, Suécia e no Chipre os parentes devem discordar do assunto.Na Bulgária é permitida a Doação de Órgãos apenas quando há necessidade. Na Estônia uma comissão toma uma decisão sobre o assunto e na Suíça a lei difere em cada um dos seus cantões.As leis na Europa diferem tanto em vista da necessidade de cada país. Em países como a Espanha (27 órgãos por um milhão de habitantes por ano) e na Áustria (24 órgãos) são necessários mais órgãos que nos Países Baixos (16 órgãos) e que na Alemanha (13 órgãos). O país no qual há menor demanda de órgãos é a Grécia (6 órgãos).

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