sábado, 14 de junho de 2008

Auto-hemoterapia: É ético ou não o uso dessa prática?

Auto–hemoterapia é uma prática homeopática ligada a isoterapia.
Consiste na retirada de sangue por punção venosa e sua imediata administração por via intramuscular ou subcutânea, em que o doador e o receptor são o mesmo indivíduo. Também é conhecida como terapia do soro, imunoterapia ou auto-hemotransfusão.
A história da auto-hemoterapia teve início em 1911, com F. Ravaut que registrou o modo de tratamento auto (uno mismo, haima - sangra) empregado em diversas enfermidades infecciosas, em particular na febre tifóide e em diversas dermatoses. Ravaut usava a auto-hemoterapia em certos casos de asma, urticária e estados anafiláticos.
Mas foi o professor Jesse Teixeira que provou que o S.R.E (Sistema Retículo Endotelial) era ativado pela auto-hemoterapia em seu trabalho publicado e premiado em 1940 na Revista Brasil – Cirúrgico, no mês de Março. Ele provocou a formação de uma bolha na coxa de pacientes, com cantárida, substância irritante. Fez a contagem dos macrófagos antes da auto-hemoterapia, à cifra foi de 5%. A pós a auto-hemoterapia a cifra subiu a partir da primeira hora chegando após 8 horas a 22%. Manteve-se esse resultado durante 5 dias e declinou para 5% no 7º dia após a aplicação.
Segundo Jesse essa técnica proporcionaria melhora clínica nos portadores das mais variadas patologias:
 Doenças crônicas;
 Infecciosas;
 Auto-imunes;
 Oncológicas

Foi introduzida no Brasil pelo médico brasileiro Dr. Licínio Cardoso, e consistia originalmente em aquecer o sangue até a temperatura de 37º C, por 24 horas, dinamizá-lo e aplicar injeção intramuscular.

Técnica:
Retira-se o sangue de uma veia comumente da prega do cotovelo e aplica-se no músculo, braço ou nádega, sem acrescentar nada no sangue. O volume retirado varia de 5ml à 20ml, dependendo da gravidade da doença a ser tratada. O sangue, tecido orgânico, em contato com o músculo, tecido extravascular, desencadeia uma reação de rejeição do mesmo, estimulando assim o S.R.E. A medula óssea produz mais monócitos que vão colonizar os tecidos orgânicos e recebem então a denominação de macrófagos. Antes da aplicação do sangue, em média a contagem dos macrófagos gira em torno de 5%. Após a aplicação a taxa sobe e ao fim de 8 horas chega a 22%. Durante 5 dias permanece entre 20 e 22% para voltar aos 5% ao fim de 7 dias a partir da aplicação da auto-hemoterapia. A volta aos 5% ocorre quando não há sangue no músculo.
As doenças infecciosas, alérgicas, auto-imunes, os corpos estranhos como os cistos ovarianos, miomas, as obstruções de vasos sangüíneos são combatidas pelos macrófagos, que quadruplicados conseguem assim vencer estes estados patológicos ou pelo menos, abrandá-los. No caso particular das doenças auto-imunes a auto-agressão decorrente da perversão do Sistema Imunológico é desviada para o sangue aplicado no músculo, melhorando assim o paciente.


ANVISA
Nota Técnica nº 1 de 13 de abril de 2007 - 18h50
Auto-Hemoterapia
Considerando os questionamentos recebidos pela Gerência de Sangue e Componentes – GGSTO/ANVISA, sobre a prática denominada de “auto-hemoterapia” esclarecemos o que segue:
1. A prática do procedimento denominado auto-hemoterapia não consta na RDC nº. 153, de 14 de junho de 2004, que determina o regulamento técnico para os procedimentos hemoterápicos, incluindo a coleta, o processamento, a testagem, o armazenamento, o transporte, o controle de qualidade e o uso humano de sangue e seus componentes, obtidos do sangue venoso, do cordão umbilical, da placenta e da medula óssea.
2. Tal procedimento consiste na retirada de sangue por punção venosa e a sua imediata administração por via intramuscular ou subcutânea, na própria pessoa.
3. Não existem evidências científicas, trabalhos indexados, que comprovem a eficácia e segurança deste procedimento.
4. Este procedimento não foi submetido a estudos clínicos de eficácia e segurança, e a sua prática poderá causar reações adversas, imediatas ou tardias, de gravidade imprevisível.
5. A Resolução CFM nº 1.499, 26 de agosto de 1998, proíbe aos médicos a utilização de práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade científica. O reconhecimento científico, quando e se ocorrer, ensejará Resolução do Conselho Federal de Medicina oficializando sua prática pelos médicos no país. Proíbe também qualquer vinculação de médicos a anúncios referentes a tais métodos e práticas.
6. A Sociedade de Hematologia e Hemoterapia não reconhece o procedimento auto-hemoterapia.
7. O procedimento “auto-hemoterapia” pode ser enquadrado no inciso V, Art. 2º do Decreto 77.052/76, e sua prática constitui infração sanitária, estando sujeita às penalidades previstas no item XXIX, do artigo 10, da Lei nº. 6.437, de 20 de agosto de 1977.
8. As Vigilâncias Sanitárias deverão adotar as medidas legais cabíveis em relação à
referida prática.


A Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia-SBHH, frente a inúmeros questionamentos recebidos, tanto por parte de profissionais médicos como não médicos, relacionados à suposta prática hemoterápica denominada "auto-hemoterapia", vem a público esclarecer o que se segue:
• A Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia NÃO RECONHECE do ponto de vista científico o procedimento "auto-hemoterapia";
• Não existe na literatura médica, tanto nacional quanto internacional, qualquer estudo com evidências científicas sobre o referido tema;
• Por não existirem informações científicas sobre o referido procedimento, são desconhecidos os possíveis efeitos colaterais e complicações desta prática, podendo colocar em risco a saúde dos pacientes a ela submetidos;
• Agrega-se a este parecer, a Resolução do Conselho Federal de Medicina-Resolução CFM no 1.499/98, que em seu artigo 1º, "Proíbe aos médicos a utilização de práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade científica".
Frente ao exposto, a Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia não recomenda a prática desse procedimento.
O comunicado é assinado pelo Presidente da SBHH, Dr. Carlos Chiattone.

Depoimentos de pessoas que fizeram o tratamento.

O médico José Geraldo Lopes, especialista em acupuntura e homeopatia, disse que parou de prescrever a auto-hemoterapia recentemente, a partir de sua proibição. Ele trabalha na Policlínica Municipal de Ipatinga, no Vale do Aço, e receitava o método há um ano.
Segundo ele, os resultados obtidos foram ótimos nesse pequeno tempo. É uma pena que a gente não possa continuar esse tratamento, que é tão eficiente e barato, afirmou.
A bancária Luciana Luna Fabri, 35, paciente de Lopes, foi obrigada a suspender seu tratamento de auto-hemoterapia contra dermatomiosite doença do sistema conjuntivo, que inflama a pele, músculo e pulmão.
Ao chegar à Policlínica de Itabira, foi informada pela equipe de enfermagem que aquele procedimento havia sido suspensa, por tempo indeterminado, pela Secretaria Municipal de saúde.
Meu médico foi proibido de receitar esse procedimento e eu fui a mais prejudicada. A auto-hemoterapia aumentava minha resistência física, além de ser um tratamento muito mais acessível para as pessoas, afirmou.
Desde que interrompeu as aplicações de sangue no músculo, Luciana voltou para o antigo procedimento com cortisona. Arquiteta diz que manterá tratamento.
Mesmo com a proibição do uso da auto-hemoterapia pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a arquiteta belo-horizontina Aline Candian, 30, não deixará de se submeter a essa prática.
Ela sofre de púrpura doença auto - imune que ocasiona a baixa de plaquetas no sangue e disse que depois que começou tal tratamento, sua qualidade de vida melhorou muito.
Tentava de tudo e nada melhorava meu estado de saúde Passei por vários tipos de tratamentos, convencionais, com cortisona e outros medicamentos e alternativos, como homeopatia e cirurgia espiritual, mas só obtive resultado positivo com a auto-hemoterapia, contou a arquiteta, que engordou 30 kg com o consumo de cortisona e recuperou o peso normal com a auto-hemoterapia.

Auto-hemoterapia e a ética

Artigo 124 do Código de ética médica, que proíbe:
"Usar experimentalmente qualquer tipo de terapêutica, ainda não liberada para uso no País, sem a devida autorização dos órgãos competentes e sem consentimento do paciente ou de seu responsável legal, devidamente informado da situação e das possíveis conseqüências” .

A auto-hemoterapia é uma prática que está crescendo muito.
É ético, sim é o sangue da própria pessoa que é usado. Mesmo que não haja evidências científicas, publicações de livros sobre essa terapia. Para Aristóteles a ética estava a serviço do bem. Muitas pessoas foram beneficiadas com essa terapia e mesmo assim proibiram, se não liberarem essa prática, vai ter mais pessoas fazendo clandestinamente, como vem ocorrendo. Não estão sabendo como agir diante desse novo tratamento é preciso pesquisar, estudar, conhecer os efeitos que causa, tanto benéficos quanto maléficos para não colocar muitas vidas em risco. Temos que ver o que é melhor para a saúde das pessoas além de ser uma prática de custo baixo. Universidades públicas, fundações poderiam pesquisar, mas não tem interesse porque não dá dinheiro. Isso é um absurdo, pessoas doentes necessitam de tratamentos diferenciados para ter mais qualidade de vida.

2 comentários:

Professor Roniere disse...

Nao conhecia este procedimento, só agora estou pesquisando e já estou me convencendo que ele é útil e necessário. Realmente, como professor universitário, vejo que as universidades de medicina devem pesquisar para oferecer uma solução sadia e eficiente, principalmente para as comunidades carentes.

disse...

Tenho esclerodermia,comecei a fazer a auto-hemoterapia e logo vejo resultados,me sinto mais disposta e pude baixar doses de cortisona que eu usava anteriormente altas.Na minha opinião não interessa a indústria farmacéutica e nem médicos que tratam a medicina como mero comércio que a auto-hemoterapia seja disponibilizada e reconhecida.